top of page

O Negócio dos Livros


Apresentando o contexto atual do cenário do mercado editorial, principalmente nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, Schiffrin (2006) relata que apenas cinco corporações controlam 80% dos livros que são editados nos Estados Unidos. Um de seus maiores temores é que as editoras e livrarias independentes tendem a desaparecer. Muitas editoras e grupos editorias estão sendo acoplados à grandes núcleos da indústria da comunicação, tornando-se apenas mais um caminho para o lucro. Quando as editoras começaram a serem vendidas, o objetivo de publicar obras relevantes foi sendo dissipado gradativamente em detrimento do valor que cada livro poderia gerar. O mercado editorial mundial mudou mais nos últimos 10 anos do que em todo o “século anterior”, constata Schiffrin (2006, p. 24). De editoras familiares e pequenas, o mercado passou a ser comandado por grandes empresas, tornando as editoras “fornecedores de entretenimento ou produtos de informação”. O editor ligado à vida cultural e intelectual torna-se um homem de negócios.


Uma das consequências da aniquilação das pequenas editoras e da busca apenas pelo lucro é o comprometimento da “bibliodiversidade” do mercado editorial. Prezando por seus salários, seus nomes e o lucro da editora, os editores passam a publicar “mais do mesmo”, colocando no mercado obras que possuem grande potencial de vendas – geralmente os best-seller ­– ou que foram escritos por pessoas de renome, abstendo-se de publicar obras diversas, livros desafiadores ou autores desconhecidos. Exemplificando esta questão, J. K. Rowling teve seus originais de Harry Potter e a Pedra Filosofal rejeitados por mais de dez editoras. Quando enviou os originais do livro O chamado do Cuco sob o pseudônimo de Robert Galbraith, também foi rejeitada por duas editoras. Para incentivar que jovens escritores não desistam com as rejeições das editoras, J. K. Rowling publicou no Twitter suas próprias cartas de recusas. (ÉPOCANEGÓCIOS, 2016).


Outra consequência da busca pelo lucro foi o aumento exponencial do preço do livro nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha. Um livro que custava entre “65 centavos a 1,25 dólares” passou a custar cerca de dez dólares ou mais. Com o aumento, o lucro da editora estava garantido, mas muitas pessoas deixaram de poder adquirir uma obra. Ou seja, poucas pessoas comprando livros; poucas pessoas decidindo que livros serão comprados. Para Schiffrin (2006, p. 153), não há livre mercado ou livro competição no mercado editorial norte-americano, mas sim, “uma situação clássica de oligopólio tendente à monopólio”. Situação esta que não afeta apenas os Estados Unidos, mas o setor editorial do mundo inteiro, uma vez que as publicações de língua inglesa se tornam referências para outros mercados.














SCHIFFRIN, André. O negócio dos livros. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2006.

bottom of page